27.7.11

Atemporal

Por algumas horas, quem sabe dias, não quero saber o que se passa lá fora. Fechei as portas, desliguei a televisão e celular. Retirei o plug do telefone fixo, fechei o notebook. Nada, não quero saber de mais nada. Mandei a empregada embora, por hoje, basta! Não quero ouvir o choramingar da vassoura, nem o apitar frenético da chaleira avisando que falta colocar o pó do café. Não quero cheiros, nem sensações. Nada, não quero nada!

Me tranquei no quarto, fechei as janelas. O escuro talvez me acolhesse melhor. Mesmo assim as informações chegavam. Carro passando, moto acelerando, era possível sentir o freio do carro e o seu desviar do buraco. Pessoas e garrafas conversando, copo, mesa de bar, filhos que não pediram para nascer, mães miseráveis gritando com esses rebentos abordados da vida. Não, não quero ouvir nada, saber de nada.

Fui impelida dentro do meu próprio espaço a ser obrigada a ouvir, a sentir o que não queria. Liguei o ar condicionado e me afoguei nas cobertas. Impossível. Os sons penetravam por todos os lados. Levantei. Andei de um lado a outro. Agora eram os pensamentos que conversavam comigo. Estava perdendo o controle da situação, quando me dei conta de que o silêncio é inatingível, assim como minha paz.

Alice Nascimento

corrente de Alice

2 comentários:

  1. Anônimo28.7.11

    interessante...

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  2. Querida amiga

    Há momentos
    que precisamos
    diminuir o ritmo
    dos passos,
    para que os nossos sentidos
    nos acompanhem novamente.

    Viver é sentir os sonhos
    com o coração.

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