Procuro desesperadamente um guia. Não sei se pessoa ou mapa, algo que me apresente à vida. Que junto a mim faça projetos e que sejam executados e registrados na certeza que passei pela vida!Quero ver o calor do reagge e das pessoas que ali se misturam, as umbigadas entre tambores, o bater das matracas e o esquentar dos pandeirões, ver o dia amanhecer ouvindo poesias, acender uma fogueira na praia ao som de um violão – quem sabe até aprenda a tocar violão, pode ser uma só música, ou várias -, sentar debaixo de uma mangueira e ouvir causos ou comer juçara batendo papo furado. Quero botar o pé no chão, andar descalça nas calçadas das casas do interior, ou quem sabe tentar malabaristicamente andar no meio fio das calçadas, como fazia quando criança, mas sem ousar furtar manga da casa do vizinho pra comer com sal e pimenta do reino, pois as asas dissolveram-se com o tempo, nem pegar sorrateiramente aquelas laranjas enormes que abríamos com as mãos para comer aos gomos das barrigudeiras, essas, já não existem mais, ou até mesmo, descer escorregando morro abaixo engolindo terra e rasgando as roupas e a pele nas pedras - Não havia dor mais deliciosa do que aquela! Quero sentir o cheiro da chuva e da terra molhada, catar canapun na beira das estradas, visitar feirinhas com gente de verdade, comer milho cozido enrolado na palha, bolo de tapioca frito com café preto entre uma conversa e outra, sentir o calor humano das pessoas entre cores, cheiros. Quero levar comigo uma rede para nas viagens embalar meus sonhos conhecendo também novos escritores e canções. Quero conhecer os interiores e seus moradores... conversar, infinitamente conversar, ver a vida sob os meus olhos e o olhar deles e então... respirar a vida, experimentá-la, brincar e chorar com ela...observar o humano e o desumano...questioná-los até alcançar o mundo: cidades que ainda não fui, países que ainda não conheci... cultura... arte... Sim, eu preciso de um guia!
Talvez, sejam os meus próprios pés!
Alice Nascimento
Alice Nascimento
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Foto: Meus pés, por mim Mesma |
Lika, por onde andava essa poetiza que não conhecia? Sabia de outros dons para arte afinal o sangue não nega, neta do artista plástico antônio almeida. Tá lindo não pare de escrever.
ResponderExcluirjô
Lika... Os nossos pés guiados por nossa mente inquieta nos levam a percorrer e a buscar estradas que alimentem a nossa alma do que ela tanto busca e precisa.
ResponderExcluirEstar nessa vida e fazer parte integrante desse mundo é isso... Essa vontade de estar no outro e descobrir e entender o seu interior.
Obrigada por seu carinho (Você nem imagina como as suas palavras me fizeram bem!)Aos poucos estou subindo os degraus minha amiga... Tudo vai melhorar!
Beijos
Oi Lika...sab quem é o Cadinho daquele conto lá?
ResponderExcluirÉ ele...nosso amigo, nosso irmão Cacinho...rsrs
Sabe que esse conto nasceu de uma outra história de décadas atrás, só que vivida pelo meu pai com o irmão dele que havia bebido e se encontrava num cemitério da cidade totalmente apagado...rs...
Por obra do destino aconteceu de novo com o Cacinho...rs...
Breve postarei o Possuído..rs
Quanto ao seu texto...muito bonito...uma viagem para dentro das coisas simples da vida, aquelas que deixaram saudade...andar no meio fio...pisar naquelas linhas da calçada ou então não pisar nos riscos...fazia muito isso e tenho um texto que falo também sobre essas coisas
Vai ter uma coletiva dia 15 no blog da Rosélia...justamnte sobre as coisas da infancia...todo dia 15 de cada mes, mes passado foi sobre nascimento...participi...foi muito gratificante cada participação dos amigos...histórias comoventes...se quiser...vale a pena...te paso o link do blog ok
Bom fim de semana pra vocês ai...
Um abraço na alma
Beijo
sandálias, pés, textos e tudo mais que puder apreciar! indeed!
ResponderExcluirComentário mais enigmático esse do Aleksander..rs
ResponderExcluirJô, obrigada pelas palavras, o vô deixou muito de si em todos nós, mas n acredito ter o mesmo dom, talvez herdado a sensibilidade, talvez...
Tati...andar, descobrir os mundos...acho q não há nada melhor do que viver...verdadeiramente. Já disse, use sua câmera!!
Elcio, tudo que é simples, é intenso, dependendo da nossa ótica, né mesmo?
abraço a todos, obrigada por dividir comigo um pouco de mim.